Francisco Sierra Caballero: por uma alternativa crítica para a comunicação educativa na América Latina

Share

Roseli Fígaro
Professora associada na Escola de Comunciações e Artes, professora do Programa de Pósgraduação em Ciências da Comunicação da USP. Coordenadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho, CPCT. Diretora editoral da revista Comunicação & Educação.
E-mail: figaro@uol.com.br

Ana Flávia Marques
Jornalista, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da USP, membro do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT) e da coordenação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
E-mail: anaflaviamarx@gmail.com

Comunicação & Educação: Desde sua fundação, a missão do Ciespal foi de integração regional na formação de jornalistas e comunicadores, disseminando as orientações da Unesco. E hoje, passados mais de 50 anos de sua existencia, qual e o papel do Ciespal na América Latina?

Francisco Sierra Caballero: Agradeço esse convite para a entrevista em Comunicação & Educação, que é uma referência na área. Esta revista propõe debates fundamentais para a pesquisa em Educomunicação, em comunicação educativa — termo que prefiro. Bem, a história do Ciespal com a Unesco tem vários períodos. O primeiro é claramente funcionalista, o objetivo estratégico definido era capacitar: formar jornalistas e comunicadores. Somente a Faculdade Vera Cruzana, no México, e a Universidade de La Plata, na Argentina, tinham graduação para a formação de jornalistas. Então, para o Ciespal era uma prioridade a formação — um marco para a aliança para o progresso, um marco para políticas extensionista em comunidades rurais e para o desenvolvimento local —, mas com uma visão instrumental. No segundo período, começa um pensamento crítico latino-americano. Aqui em Quito, morava Ramiro Beltran que tinha articulação com Antonio Pasquali, com a Venezuela e o México, e, com o debate que começava, formula-se um pensamento desde o Sul, com uma ideia de epistemologia e de uma teoria própria. Isso tornou possível a primeira Conferência de São José de Costa Rica1, marco do debate da Nomic2, e da Revista Latinoamericana de Comunicação — Chasqui —, que se inicia muito avançada, a menos de duas décadas de vida de Ciespal, e se converte em um referente de debate sobre democracia mediática, políticas nacionais de comunicação, comunicação comunitária e participativa. Foi o melhor período do Ciespal. Tem continuidade na década seguinte, mas com altos e baixos. Houve projetos interessantes do Centro em parceria com a  Unesco, mas o contexto político neoliberal afeta consideravelmente sua atuação. O melhor momento foi em 1979, quando o edifício sede foi inaugurado. Depois há um declínio, que chega mais ou menos até 2004 ou até 2006. E a partir daí começa o processo da revolução cidadã, no Equador — que também influencia na mudança de perspectiva da instituição em recuperar sua trajetória inicial. Para citar um caso, o primeiro desafio que tive, ao assumir a diretoria do Ciespal, foi que o vínculo histórico entre ele e a Unesco praticamente não existia desde os anos 1990. A Unesco continuou a evoluir, mas o Ciespal não criou vias de comunicação institucionais, mas articulou-se com a OEA, resultado também do neoliberalismo, das estratégias políticas e econômicas para América Latina. Então, enfrentamos o desafio que foi retomar os vínculos com a Unesco e reforçar uma visão que chamei de governança em rede. Quer dizer, pensar a instituição como ela foi durante a década dos 1970, um Centro de conexões científicas, políticas, acadêmicas de cooperação com a Unesco, com a FAO — Organização para a Agricultura e Alimentação da ONU, com a Unicef e, praticamente, com todos os órgãos das Nações Unidas. Instituímos estreitas relações com Unasul — União das Nações Sul-Americanas, com a Celac — Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos. Temos procurado incluir no Conselho de administração as históricas entidades de comunicação que ainda não faziam parte dele, como Felafacs — Federação Latino Americana de Faculdades de Comunicação, Aler — Associação Latinoamericana de Educação Radiofônica, Alai — Agência Latino-americana de Informação, isto é, as associações regionais com vistas a reforçar a própria articulação institucional. Nós já assinamos parceria com o ILCE, que é o Instituto Latino-Americano de Comunicação Educativa, entidade da mesma época do Ciespal e, além disso, temos procurado articular com as universidades. Nesse momento, a América Latina tem um campo científico maduro, com universidades, centros de pesquisa, programas de pós-graduação, e o papel da Ciespal não deve ser de capacitar, e, sim, articular agendas, estabelecer laços, estabelecer parcerias com as universidades — no mundo profissional, entre as autoridades públicas, sociedade civil e entre os países. Além dessas articulações, criamos o MediaLab3 para construir redes, laboratórios de TIC’s na região. Também abrimos uma livraria para garantir a circulação da produção da região latino-americana, pois não se conseguem livros das diferentes unidades ou grupos de pesquisa. Ainda não alcançamos todos os objetivos, temos muito trabalho. Infelizmente, encontramos a situação desse edifício muito deteriorada e as condições das vias de comunicação institucionais debilitadas. Nosso principal papel é fazer o Ciespal ser o centro de conexões, intercâmbios, de trabalhos colaborativos das comunidades que normalmente existem nesses grupos, departamentos de universidades e instituições públicas que apoiam ou pensam nacionalmente suas realidades. O Ciespal continua sendo uma organização internacional, já que a sua principal tarefa é articular redes em nível internacional. Embora com recursos limitados, estamos à procura de garantir esse trabalho em rede.

C&E: A produção, a circulação e o conhecimento entre os países da América Latina ainda é um desafio para todos nós. Como o Ciespal tem contribuído para essa discussão? Fale um pouco mais desse desafio…

FSC: Bem, nós temos três estratégias. Uma é, como mencionei anteriormente, a livraria. A livraria hoje não é só um espaço pensado fisicamente, ela está on-line e foi projetada para autogestão, pois gera recursos para o Ciespal que não tínhamos antes. Só para dar um exemplo, nossa produção de revistas e livros era tão deficitária que não circulavam. Se você visitava o Centro tinha que ir a um armazém, que estava fechado, alguém teria de abrir, onde não se encontravam os livros, onde não havia material. Como visitante regular da instituição me surpreendeu que os livros publicados, mais ou menos bem editados, não tinham uma distribuição. Agora a livraria tem a função de difundir essa produção. Fizemos uma plataforma de comércio eletrônico e difundimos uma produção científica de toda a América Latina, assinamos acordos e insistimos que nós queremos realizar tal feito. Porque on-line nós podemos fazer isso, isto é, hoje não há justificativa para que não ocorra a conexão do conhecimento, já que existem plataformas e ferramentas que nos permitem essa circulação. A segunda estratégia são as cátedras — elas têm o papel de criar um corpo de ilustres colegas acadêmicos para organizar as políticas científicas que nós acreditamos como de referência para a América Latina. Mas o que é fundamental é criar comunidades epistêmicas, ou seja, além dos colegas especialistas que estão nas cátedras, estamos procurando construir redes. Recentemente, por exemplo, com a FAO, estamos criando uma rede de peritos em comunicação e desenvolvimento rural. Eu trabalhei nisso por um tempo na cátedra de Educação, Comunicação e Bem Viver. Queremos também criar redes de teorias críticas latinoamericans na cátedra Jesús Martín-Barbero; conexão e trabalho colaborativo, também nessa linha de economia política, que será dedicada, por exemplo, à convergência das TICs. Estamos tentando construir redes que criem redes. Tínhamos estabelecido novos orçamentos para alimentar o trabalho destas, mas, infelizmente, hoje com a crise econômica regional, não vamos poder financiar. Apesar disso, a ideia das comunidades epistêmicas é para trabalhar essas políticas e acredito que o modelo para seguir essa política é o exemplo de Clacso — Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais, que tem crescido exponencialmente. Portanto, as comunidades não têm que estar em contato físico, elas podem ser comunidades que trabalhem em estreita colaboração entre si, e nisso acredito que o trabalho do Ciespal é estratégico. E a terceira meta tem a ver com a cooperação pública e multilateral. Estamos tentando gerar uma articulação através de projetos aplicados com as Nações Unidas e com a Unasul — projetos que implicam contato. O caso da FAO que nos encomendou um estudo sobre experiências na América Latina de Comunicação Rural Participativa e Plural é um exemplo. Nesse trabalho, articulamos uma rede com os pesquisadores não só do Ciespal, mas da Bolívia e Argentina, com o objetivo de crescer com esses projetos aplicados e de cooperação. E, de algum modo, começar a realizar trabalhos de colaboração nos projetos aplicados no território que emanam dos governos. Temos agora um lindo projeto sobre as negociações de paz na Colômbia. Vamos fazer uma plataforma de participação on-line para o diálogo e aconselhamento, que terá lugar entre o Exército de Libertação Nacional e o governo da República da Colômbia. Mas as duas primeiras metas são fundamentais. Temos avançado um pouco com a livraria, garantindo que as universidades e grupos de pesquisa possam divulgar suas produções nela e em sua plataforma digital. Mas a segunda, para mim, é ainda mais importante: construir redes de pesquisa e cooperação. É difícil trabalhar com uma lógica de colaboração, porque os pesquisadores continuam atuando com dinâmicas de grupo, fechadas, apenas nacionais. É difícil trabalhar em rede. No entanto, a minha experiência em trabalhar em redes é muito positiva e, por isso, temos procurado desde que eu cheguei, em junho de 2014, assinar convênios com as principais universidades do México, Colômbia, Brasil, Chile, Argentina e estamos trabalhando para tentar que encontrem redes de trabalhos através do Ciespal, de forma colaborativa. Nosso papel fundamental é que isso contribua, de alguma forma, a curto e médio prazo, para difundir e divulgar os trabalhos de pesquisa feitos pelos acadêmicos da rede.

C&E: Para explicar o cenário atual, fale um pouco sobre como a globalização e as tecnologias digitais abrem e fecham portas para a maioria das populações. Em sua opinião, como acontece isso na América Latina em termos de acesso, liberdade de expressão e participação?

FSC: Bem, nós temos exemplos muito claros. Lançamos, em 2016, um livro entituado Golpes Mediáticos — Teoría y análises de casos em América Latina.Na obra analisamos, por exemplo, no caso do Brasil, como as redes sociais foram utilizadas para o golpe. Temos também o exemplo da experiência vivida, no caso do México, na direção oposta, no movimento Yo soy 132 4, cujo objetivo foi, mediante a falta de liberdade de informação imposta pela Televisa (conglomerado de mídia mexicano), garantir vozes cidadãs para apresentar alternativas democráticas de governo. Então, como acontece em qualquer processo, as TICs têm, por um lado, um sistema de domínio e controle; e, por outro, um processo inverso. Temos falado muito sobre isso e criamos a cátedra Julian Assange para discutir Tecnopolítica. Tal área tem ajudado a compreender esse processo contraditório: como as redes sociais estão sendo usadas para o golpismo. E aí analisamos o caso do Equador, de uma tentativa de golpe no ano passado, juntamente com o caso do Brasil — e como com a ajuda das TIC’s, surgem outros processos no sentido inverso — como se deu a paralisação no campo, denominado paro agrário 5, na Colômbia, o movimento Yo soy 132, no México, e a Revolução dos Pinguins6, no Chile.
Falo isso porque normalmente há um mito sobre as TICs na globalização. O mito de que ela é uma estrutura descentralizada, autônoma e que pode garantir acesso e, portanto, a democracia. E esse mito é falso, já que existe um dispositivo de controle e isso tem sido demonstrado, por exemplo, nas mobilizações no Brasil, na forma que as redes deixam de funcionar, como elas podem realizar intervenções, ou como ajudam a organizar um golpe de Estado através de redes sociais, como o Movimento Brasil Livre. Logicamente com a intervenção financeira dos Estados Unidos, da agência CIA de cooperação. É evidente que tem uma função  instrumental, de controle e vigilância, como fala Armand Mattelart — insisto muito nessa ideia, porque isso tem a ver com a criminologia, tem a ver com a biopolítica que é criticada por Michel Foucault. Os sistemas de criar perfis e de construir o inimigo em potencial, ou o que se chamava de Psicologia da Multidão, as massas perigosas, multidões perigosas. Nessa acepção, a priori todos os indivíduos da rede são perigosos até que se prove o contrário. Isto é um dispositivo. Também devemos lembrar que o Sistema Internacional de Telecomunicações está ultraprivatizado pelo UIT, um órgão antidemocrático, que regula a rede de internet, sob o domínio da Agência de Segurança Nacional —­ NSA, com hegemonia absoluta dos Estados Unidos, para interferir, vigiar e organizar golpes de Estados nos países do Sul. Em decorrência disso, essas políticas colonizaram as políticas de meios analógicos e das estruturas de telecomunicações. E, por exemplo, temos a mercantilização que está permeando as políticas de comunicação pública. Estou falando isso porque não é um assunto que normalmente é discutido, mas temos o caso, no Equador, que quando fica vigente a radiodifusão comunitária, quem aplica o processo de concessão é um organismo que age com uma filosofia de telecomunicações da UIT. E, como já disse, a UIT, desde seu início, constrói um sistema internacional de telecomunicações sob a hegemonia absoluta dos Estados Unidos. E, por outro lado, acredito que existe uma demanda central por pesquisas sobre as TICs, sendo tais uma agenda pendente. Essa é uma questão que se deve trabalhar na pesquisa acadêmica latino-americana, não só porque tem uma centralidade nos processos de mudança, de modos de produção, padrões de consumo, de processos de criatividade, mas, além disso, porque estão acontecendo nas novas gerações surtos criativos, potencialidades emancipatórias que temos de analisar. Por isso, criamos na CLACSO um grupo de trabalho, o GT denominado de Tecnopolítica, Cidadania Digital e Processos de Mudança e tentamos conectar a dimensão cidadã, criativa e transformadora aos processos de ação e mobilização coletiva em todos os sentidos, a exemplo dos movimentos de Yo soy 132, no México, o paro agrário na Colômbia, e outros como Mídia Ninja do Brasil. Políticas públicas para discutir o que é governo, o que é a democracia, por que ela é importante e como ela é possível a partir de políticas de Estado.

Não falei ainda de um outro mito, que defende a ideia de que as tecnologias não são ajustáveis, de que a internet não pode ser regulada. Sim, ela é regulável e deve ser regulada. O Marco Civil da Internet no Brasil, assinado, em 2014, pela presidente Dilma Rousseff, é um exemplo que isso pode ocorrer. E, além disso, garante a democracia contra certo discurso alternativo, autônomo, sobre o que chamo criticamente, de “anarcopop”, que pensa que qualquer lei é uma armadilha para impedir a liberdade de expressão. De jeito nenhum. De um lado, analisamos o que se passa na Bolívia, o que foi vivido no Equador, e como as políticas da UIT e os interesses hegemônicos dos Estados Unidos podem desestabilizar os governos, fazer guerras, ou possíveis guerras. De outro lado, permitem também alternativas de mobilização e autoconvocações de jovens e movimentos sociais. Nesse sentido, é preciso ter atenção. Temos, justamente no livro sobre o Golpe Midiático, muitos capítulos dedicados à gestão da rede, por exemplo, e todas as contradições da globalização que permitem o uso repressivo da biopolítica contemporânea, mas também, a mobilização e a resistência. Por isso, devemos ser críticos com o mito das TICs como democracia; e outro que se vincula ao discurso da globalização das TICs como empreendedorismo e criatividade. O Panama Papers é um exemplo, propõe-se como jornalismo colaborativo entre diferentes países, mas quem financia esse jornalismo? Por que ali não aparecem as principais fortunas dos Estados Unidos e os “lobos de Wall Street”? Isso é fazer jornalismo inovador, simplesmente porque colaboram através da internet, filtrando algumas fontes de poder interessadas? Aí não há uma mudança significativa. Há a repetição do mito de que com as TICs, desde o surgimento da radiodifusão, iríamos alcançar a democracia, a paz, a compreensão intercultural, o diálogo entre os povos do planeta e o irmanamento — e não é bem assim. As TICs são dispositivos de controle, mas também permitem alguns processos emancipatórios interessantes.

C&E: Então, você pode nos falar um pouco mais deste livro Golpe Midiático?

FSC: Nós provavelmente apresentaremos este livro em Brasília, em parceria com a UnB, e terei todo o prazer em apresentar também na USP, já que analisa um pouco a perspectiva regional de São Paulo. Outro livro que estamos preparando, e trabalhei bastante nele por circunstâncias da vida, é sobre o tema das guerras e da propaganda. É um livro sobre as guerras imperialistas na América Latina a partir dos meios de comunicação. A Guerra da Informação faz análises a partir da aliança para o progresso, da Segunda Guerra Mundial até os nossos dias. Falamos sobre as estratégias dos EUA, ou seja, sua intervenção na América Latina, dedicando algumas referências à Venezuela, Brasil, Equador, México e apresentando alguns casos e exemplos.

C&E: Então, a internet e as redes sociais não são essas maravilhas revolucionárias que trazem por si só democracia participativa. Como podemos entender que muitos intelectuais ainda representam essa ideia? E como enfrentar esses pensamentos? O que podemos fazer?

FSC: Bem, existem várias coisas que se tem de fazer. Primeiro, é refletir sobre o papel da tecnologia. As tecnologias não são neutras, elas têm códigos culturais, são portadoras de ideologias. Então, não podemos pensar os meios com essa leitura centrada na mídia, que os meios são canais, instrumentos, não! Eles são dispositivos culturais. Se não fizermos esta leitura, deixaremos de politizar as TICs. Ou seja, como inovam? Onde é que elas produzem? Como é transferida? Em que contexto é implementada? Como a implantação das tecnologias pressupõe uma transformação organizativa? É evidente, após Marx7, sabemos que toda a transformação tecnológica, toda inovação afeta as condições de trabalho, ou seja, existe uma precariedade, uma proletarização da força de trabalho. Não se importam tecnologias apenas assumindo o discurso de empreendedorismo, de inovação. A inovação tem várias leituras. Tem uma leitura marxista de economia política crítica e tem uma leitura shumpeteriana8 que entende a inovação em si mesmo e por aí vai. Primeiro, temos de desmistificar a ideia de tecnologia como dispositivo neutro e pensar neste processo em termos culturais. Segundo, se pensamos que é um dispositivo cultural, devemos discutir política de comunicação. Não é pertinente adaptar ou importar modelos. Isso acontece em alguns países, como o México, que inovaram nas escolas quando nem sequer os professores tinham um salário digno. Todos, no governo de Vicente Fox, ganharam aulas digitais, mas a situação do ensino e aprendizagem era muito precária, tão precária que grande parte do território mais pobre do México — Guerrero, Oaxaca, Vera Cruz — não tinha professores em muitas de suas áreas rurais, já que o antigo sistema de teleducação, ensino a distância, também não foi cuidado. Então, eles tinham centros educativos com tecnologia de ponta e força de trabalho docente precária, e territórios descobertos pela oferta de educação. Politizar as TICs significa pensar nos «quês», «comos», «para quê», «onde», e «quem são os que se beneficiam?». Provavelmente o governo Fox beneficou as empresas e companhias de tecnologia dos Estados Unidos, e não atendeu a seus professores. E a terceira dimensão, que é a mais problemática, é que nós, como acadêmicos, intelectuais, devemos repensar os modos de produção de conhecimento. Isto é, repensar e refletir como trabalhamos a pesquisa. E não vale apenas ser cientista social, que trabalha em casa com a sua biblioteca, com seu «livrinho e trabalhar escrevendo sozinho, deve-se trabalhar em rede de forma colaborativa. Quando eu falo de redes de forma colaborativa, isso envolve também a produção de conhecimento de trabalho com as TICs, com a cidadania, com grupos sociais, com organizações e movimentos, com pessoas que não são acadêmicos, mas têm cursos, são prossumidores 9, produzem e têm espertise sobre tecnologia. Porque, pela primeira vez, na universidade, há jovens que ensinam as pessoas mais velhas, estudantes que explicam aos professores como são as tecnologias e como eles têm de se desenvolver. Inverte-se o papel do professor tradicional. Na minha época, era mais ou menos ao contrário, o professor lhe ensinava como se faz, como funcionava um teletipo, como se trabalhava… Agora você tem de aprender com o estudante o novo aplicativo, como ele é usado. Trabalhar na lógica do diálogo é saber de lógica colaborativa, implica um modo de produção de conhecimento que deve ser consubstancial e, portanto, não apenas um objeto de estudo, mas também um ambiente de como podemos trabalhar a pesquisa. Isso nos obriga, por exemplo, a nós, pessoas de comunicação, de comunicologia — que definimos a nossa ciência como uma ciência aplicada — a trabalhar com outras linguagens, não apenas a leitura e a escrita, mas também com imagens, com a visualização de dados, trabalhar com o big data, com uma elaboração, posso dizer, ampliada. Isto é difícil para nós, acadêmicos de comunicação, porque as TICs estão em nossa área, é um objeto e nos transforma de forma radical e acelerada com as formas de trabalho na rede, no processo da cultura ou da galáxia internet. Nessa junção, o desafio é difícil, é em dose dupla. Trabalhar com objetos que envolvem a pesquisa e a comunicologia com modelos de redes e tecnologias e, além disso, trabalhar com outros métodos e formas de ensino, aprendizagem e pesquisa. E isso é complicado. O grande desafio — uma
tradição latino-americana, que ocorreu na década dos 1970 e dos 1990 e tende a se recuperar — é a questão da extensão, a questão da ligação com a mídia social, os papéis sociais que essas outras universidades, a europeia, luso-hispanica e latino-americana têm agora nessa complexa realidade hipermediatizada tecnologicamente. Senão vamos ser personagens de Rice Burroughs10, perdidos na fatalidade da tecnologia em uma distopia absoluta, que inclusive contesta o papel da universidade, da academia.

C&E: Nessa perspectiva, como você vê a comunicação no domínio do ensino ou a educomunicação?

FSC: Eu prefiro falar de comunicação educativa, mas é uma discussão quase nominalista. Não vamos entrar nesse assunto. Sim, é importante…. Num livro que fez parte da minha tese de doutorado, levantei que o objeto da comunicação educativa é pensar as representações e trabalhar com discursos em termos praxiológicos. Isto é, toda representação, seja um livro de textos, seja um filme, seja uma fotografia, deve ser objeto de
análise e interpretação por qualquer leitor, por qualquer usuário. E isso significa problematizar a relação entre discurso, representação, ideologia e práxis social e ir além da visão da media literacy anglo-americana, que é aprender códigos, linguagens e ferramentas. Temos de recuperar o legado de autores, dos quais nos sentimos orgulhos de identificar uma cultura, como no legado freireano, de pensar a educação como processo para alguém que escreve a história, ou seja, a partir de discursos e de representações materiais se constroem processos sociais materiais. E, na tradição da educação popular, isso significa, na era da internet, problematizar, da mesma forma, as TICs. Todavia, observamos um retrocesso com projetos de universidades virtuais, educação a distância que pretendem restaurar o modelo condutivista e centrado na mídia — esses são conceitos restritivos. E por isso, temos alguns problemas. A partir da teoria da comunicação, percebo o conceito de competência como um problema. Seus adeptos defendem desenvolver habilidades para a cultura digital. Ou seja, o conceito de competência na teoria da comunicação tem uma visão instrumental, mesmo que Noam Chomsky seja um grande intelectual crítico, sua perspectiva linguística é uma visão instrumental da aprendizagem da linguagem para o desenvolvimento social. O que estou falando é que a teoria linguística dele não deriva da concorrência, mas é uma visão muito funcionalista. E isso é transportado aos nossos debates sobre a comunicação educativa, que têm acontecido na Unesco. Há colegas ali que usam essa lógica, muitos dos meus colegas na Espanha também. Inclusive os congressos são denominados de competência da cultura digital, e eu não concordo com esse modelo, porque seria limitador da comunicação. Este é um problema que deve ser discutido para pensar as representações e trazer a perspectiva da comunicação, como a compreendeu Mario Kaplún, como a compreendeu Paulo Freire, como a entendeu a tradição crítica latino-americana: que é aprender a fazer história com palavras ou aprender a fazer as coisas por representações. E as ideias de Michael Mann11, com as que mais me identifico, aparecem quando ele fala de ensino audiovisual, no Instituto Britânico de filmografia, na Inglaterra, e são precisamente sobre identificar o paradigma crítico como o herdeiro das matrizes da teoria da ideologia marxiana, criticando como essas representações são frutos materiais concretos. Observação importante também faz a semiótica, de que qualquer símbolo, de qualquer representação discursiva ter um grau de opacidade. Como explicava Eliseu Veron, temos de desvendar como esses discursos são construídos. São dispositivos ideológicos. Tal semióse age em nossa ideologia, em nosso imaginário e, portanto, em nosso comportamento social. Isso implica, também, que essas contradições da economia política repercutem na comunicação educativa sobre o poder, sobre o controle e o acesso na democracia contemporânea. Especialmente em tempos hipermidiáticos. Estou fascinado, ultimamente, pela literatura que nos coloca a distopia sobre o futuro do universo tecnológico e sobre a incapacidade que se tem de distinguir, numa perspectiva sociopática, entre o que são redes sociais, representações e realidades materiais. E, certamente, esse é um debate pertinente para o processo de comunicação educativa. O debate para formar um currículo, na União Europeia, tem sido muito interessante, ou seja, devemos reconhecer trabalhos intelectuais e acadêmicos de colegas para obter essa agenda como parte da política de governos. Mas, talvez por causa da falta de legitimidade social, acredita-se que a comunicação é um aspecto comercial e privativo de proprietários. Como se ela não tivesse a ver com direitos, com a educação, com a cultura, com a subjetividade. Portanto, essa situação atual condena a comunicação educativa a uma leitura que considero muito instrumental e muito pobre. Ou seja, despolitiza o recenseamento da comunicação educativa sobre a construção de representações em matéria de informação, sobre conhecimento, sobre processos de mediação.

C&E: Nesse sentido, como é possível ajustar os atuais projetos de educação formal às demandas do século XXI?

IA: Este é justamente nosso desafio atual: saber utilizar as tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem, para que nos seja possível formar pessoas críticas e judiciosas, com capacidade de pensar e aproveitar. A
educação, como dizia Paulo Freire, é a arma da transformação social mais importante que temos à nossa disposição, temos de saber utilizá-la para melhorar nosso futuro e o dos demais. A Educomunicação, com suas metodologias, com seus processos e aspirações, é o melhor instrumento para alcançar tal objetivo.

Homo ludens

Share

Desde la revolución francesa, la fiesta ha sido una manifestación propiciatoria para organizar una nueva experiencia del mundo, para cultivar la pedagogía de otro mundo posible, en tanto que expresión y cultivo del vínculo de lo común.

Como ilustra Oma Ozouf en La fiesta revolucionaria, con la modernidad la cultura se transforma en un espacio de reconocimiento y reproducción de los sujetos sujetados, entre el universo de la producción y la pura vida.

En este proceso, la gran transformación del capitalismo da lugar a una suerte de transferencia de la sacralidad e instauración de nuevos ritos que, como todo el reino de la mercancía, terminará formalizándose en torno a la industria cultural.

Hoy la ampliación de los espacios de consumo ha alterado, sin embargo, la tradicional correlación entre mundo del trabajo y recreación inaugurando nuevas lógicas, necesarias por otra parte para el capitalismo rentista, con el desplazamiento de la figura del Homo Faber por el Homo Ludens.

Sabemos desde Marx, y antes con Hegel, que el sujeto de la modernidad es un actor creativo. Y en la era de la gamificación un sujeto de derechos cuyo horizonte vital es el consumo y el juego, no el trabajo. De ahí la necesidad de vindicar la Renta Básica Universal, del productivismo y la fábrica al republicanismo y la libertad o autonomía de la cocreación.

Ahora, en el capitalismo de plataformas, el juego es básicamente neg/ocio, lo contrario a la autonomía y el tiempo imaginado para sí del homo ludens.

Proyectos como Google Stadia o xCloud de Microsoft se disputan los mercados de futuros de la jugabilidad que los usuarios tienen al alcance para vivir jugando o para jugar como se vive, que tanto da, pues la lucha es por el control total del proceso de reproducción, de la totalidad como pantalla futura. Suena a distopía, pero no lo es. Se trata más bien de un campo en construcción dominado por las grandes compañías que juegan a su favor con la renta tecnológica.

El universo empresarial de lo gaming replica para ello el modelo de negocio NETFLIX y, enganchados como estamos a las series, pretende colonizar nuestro tiempo, y nuestros juegos en red. Una suerte de estrategia a lo Juegos del Hambre que contrasta con el proceso de desindustrialización y precarización del empleo a la vez que se abren yacimientos de negocio en la era del teletrabajo y la neta META.

Solo en España hablamos, según la Asociación Nacional de Videojuegos, de más de 3.500 millones de euros y de 23.000 empleos, aproximadamente. Con el 5G, el volumen de negocio crecerá notablemente en el país y en la UE, como ya se prevé igualmente en Asia y Norteamérica. Pero la obsolescencia tecnológica y el rendimiento decreciente dibujan un horizonte problemático para gigantes como Nintendo o Sony, al tiempo que abren nuevas posibilidades a los gamers que bien merece la pena pensar desde la política pública, aunque, a priori, pareciera que el juego es un asunto poco serio, contando incluso con que estamos ante una de las principales industrias de la comunicación y la cultura del ocio.

La centralidad de este sector en la industria cultural es de tal magnitud que muchos actores de las llamadas big tech toman posiciones pensando en el futuro escenario de la pantalla global. La compra de ACTIVISION BLIZZARD por MICROSOFT anticipa en este sentido procesos de concentración y estrategias de compra, como viene haciendo DISNEY, que deben ser analizados, como también cuestionada la lógica de producción y el discurso de los videojuegos, un universo con narrativa y procedimiento singulares cuya violencia simbólica, más allá del pánico moral conservador que se activa en procesos de tanto cambio e incertidumbre, debe ser cuando menos objeto de reflexión, entre otras razones porque hablamos de un negocio de más de 800.000 millones de dólares, solo en 2024, y que convoca a diario a miles de millones de usuarios.

Es tiempo en fin de politizar el juego, de disputar la hegemonía del nuevo sujeto de la era digital, inmerso en la filosofía de Second Life, el caballo de Troya de la especulación financiera, sin seguridad jurídica ni regulación, sin derechos ni el sustrato cultural necesario para una vida digna de ser vivida, en lo real y en la esfera o espacio de lo virtual. En definitiva, es tiempo de activar el viejo topo de la historia. Frente al evidente y notorio eclipse de la fraternidad (Domenech dixit) y el desconsuelo del aislamiento de las videoconsolas, es tiempo de construir con el Homo Ludens más comunidad y mejor convivencia. Más calle, más cuerpo, más compasión y más comunismo. Los videojuegos, no lo duden, también pueden servir para ello.

Tomado de Mundo Obrero

Dos mesas redondas y dos exposiciones recordarán la faceta literaria y periodística de Antonio López Hidalgo

Share

Las Jornadas-Homenaje al periodista Antonio López Hidalgo que han organizado el Colegio Profesional de Periodistas de Andalucía (CPPA) y la Fundación Biblioteca Manuel Ruiz Luque continuarán este próximo sábado, a las 19.30 de la tarde, en la Casa de las Aguas de Montilla, con dos mesas redondas y una exposición bibliográfica que recordarán la faceta literaria y periodística del recordado catedrático de Redacción Periodística de la Universidad de Sevilla, que falleció el 22 de mayo del pasado año a los 65 años de edad.

La actividad, que cuenta con el patrocinio de la Delegación de Cultura del Ayuntamiento de Montilla, se desarrolla con motivo de la conmemoración del Día Internacional del Libro y arrancará con la mesa redonda titulada De la vida y otras anécdotas, en la que actuará como maestro de ceremonias Juan Carlos Fernández Serrato, un reputado experto en Literatura Española Contemporánea que imparte clase en la Facultad de Comunicación de la Universidad de Sevilla y que, además, es un gran conocedor de la obra literaria de Antonio López Hidalgo, que arrancó en 1999 con la publicación de la primera de sus cuatro novelas breves: La vida inventada de Máximo Español.

A su vez, esta primera mesa redonda contará con la intervención de Jes Jiménez Segura, uno de los investigadores españoles más respetados en el ámbito de la Comunicación Audiovisual. Licenciado en Ciencias de la Imagen por la Universidad Complutense de Madrid, este colaborador de Andalucía Digital es coautor, junto a Antonio López Hidalgo, de Días contados, un libro editado por el Ayuntamiento de Montilla que surgió durante los duros meses de confinamiento que llevó aparejada la declaración del estado de alarma a causa de la pandemia del coronavirus.

De igual modo, la mesa redonda De la vida y otras anécdotas permitirá escuchar al montillano Rafael Luque Márquez, médico internista del Hospital Virgen del Rocío de Sevilla y, sin duda, una de las personas más próximas a Antonio López Hidalgo, a quien dedicó Carta para un amigo ausente durante el transcurso de las jornadas que la Facultad de Comunicación organizó el pasado mes de noviembre para ensalzar la obra periodística y literaria de Antonio López Hidalgo

Finalmente, esta primera mesa redonda contará con la participación de Aureliano Sáinz Martín, doctor en Pedagogía y catedrático de Didáctica de la Expresión Plástica en la Universidad de Córdoba, además de miembro del Consejo Editorial de Andalucía Digital y presentador, en noviembre de 2021, del libro ‘Días contados’ en el Ateneo de Córdoba.

‘Un oficio que se nos va’

La segunda mesa redonda, que lleva por título Un oficio que se nos va, dará comienzo a las 20.30 de la tarde y contará con la participación del periodista montillano Manuel Bellido Mora, director y presentador de Una de cine, la revista de actualidad cinematográfica que emiten Andalucía Televisión y CanalSur Más.

Manuel Bellido actuará como moderador de una mesa en la que también estará presente Francisco Luis Córdoba Berjillos, exdirector de Diario Córdoba y amigo entrañable de López Hidalgo, con el que compartió mil y una aventuras en el ya desaparecido El Periódico del Guadalete o en la Oficina del Portavoz del Gobierno de la Junta de Andalucía.

De igual modo, la mesa Un oficio que se nos va reunirá al periodista sevillano Francisco Gil Chaparro, director de Dos Hermanas Diario Digital y compañero de Antonio López Hidalgo tanto en El Correo de Andalucía como en la Oficina del Portavoz del Gobierno de la Junta de Andalucía, y a Francisco Sierra Caballero, catedrático de Teoría de la Comunicación de la Universidad de Sevilla y colaborador, también, de Andalucía Digital, donde mensualmente escribe la columna titulada Del sur y desde abajo.

Paz Torres presenta una nueva exposición fotográfica

Tan solo seis meses después de inaugurar en Bodegas Pérez Barquero la muestra ‘Semblanza’, Paz Torres Pino presentará este próximo 6 de mayo, a las 21.30 de la noche, en la Casa del Inca, Destellos… Ut vivire in nobis, una exposición fotográfica que pretende rendir un nuevo reconocimiento «a un ser humano íntegro y sabio», que «supo aunar la excelencia de sus letras con la humildad y la sencillez de su vida».

De la mano de Francisco Solano López Hidalgo, hermano del homenajeado, así como del escritor Manuel Cobos Ruiz, uno de sus más íntimos amigos que, en 2016, ejerció como presentador del libro ‘Mujeres que se pierden en los bares’, la montillana Paz Torres –que se define como «artista multidisciplinar con alma de cantante» y que, además, es «fotógrafa por necesidad vital y poeta por intuición»– rendirá homenaje a Antonio López Hidalgo, «fiel reflejo del humanista que, además, dejó un legado para el mundo que nunca perecerá».

Las Jornadas-homenaje al periodista Antonio López Hidalgo continuarán el próximo viernes 12 de mayo con una nueva mesa redonda en la que se profundizará en la faceta académica de Antonio López Hidalgo que, como catedrático de Redacción Periodística de la Facultad de Comunicación de la Universidad de Sevilla, formó a varias generaciones de periodistas de toda España. A su vez, el Colegio Profesional de Periodistas de Andalucía y el Ayuntamiento de Montilla presentarán un premio que rendirá tributo al recordado escritor y profesor.

‘Alma de escritor y corazón de periodista’

Por otro lado, la Casa de las Aguas acoge hasta el próximo domingo 21 de mayo Antonio López Hidalgo: alma de escritor y corazón de periodista, una exposición bibliográfica que abrió sus puertas el pasado 19 de abril y que reúne buena parte de las publicaciones del prolífico autor montillano que, en la editorial Comunicación Social, publicó El periodista en su soledad; De la vida y otras anécdotas; El Titular. Manual de titulación periodística; Géneros periodísticos complementarios. Una aproximación crítica a los formatos del periodismo visual; y La Columna. Periodismo y literatura en un género plural.

Entre otras obras de carácter literario, Antonio López Hidalgo fue autor de La exactitud de la nostalgia, Tratado sobre el corazón de las cosas, El privilegio del olvido, La belleza de las pequeñas cosas, Mujeres que se pierden en los bares o Escrito en Brasil.

Profesor invitado en varias universidades iberoamericanas, obtuvo el Premio de Narrativa de la Asociación Cultural «Marquesado de Priego», además de ser miembro de la Cofradía de la Viña y el Vino, para la que concibió en septiembre de 1992 la primera Exaltación del Vino de Montilla. De igual manera, Antonio López Hidalgo fue miembro del Patronato de la Fundación Biblioteca Manuel Ruiz Luque y, entre enero de 2001 y marzo de 2005, ocupó la Vicepresidencia Primera de la Asociación de la Prensa de Sevilla (APS).

Precisamente, en febrero de 2018, este mismo colectivo le reconoció con una Mención Especial su doble trayectoria profesional periodística y académica. A su vez, el 15 de noviembre de 2019 fue nombrado padrino y fue autor de la laudatio con motivo del nombramiento del periodista Iñaki Gabilondo como doctor honoris causa por la Universidad de Sevilla.

Sociales firmó convenio con la Universidad de Sevilla

Share

El jueves 13 de abril la Decana de la Facultad de Ciencias Sociales Mgter. María Inés Peralta recibió al Dr. Francisco Sierra Caballero, Director del Departamento de Periodismo I de la Universidad de Sevilla, para la firma del convenio específico entre ambas instituciones. El acuerdo apunta particularmente a la cooperación entre el Departamento de Periodismo I (US) y el área de Estudios de la Comunicación del Centro de Estudios Avanzados (CEA) de la FCS. Las Partes se comprometen a favorecer y desarrollar programas de internacionalización de la didáctica, la formación y la investigación, a través de videoconferencias sobre políticas de comunicación y ciudadanía, workshops de investigación y publicaciones conjuntas.

En la reunión también estuvieron presentes la Dra. Daniela Monje directora de la Maestría en Comunicación y Cultura Contemporánea, y la Dra. María Teresa Piñero, Prosecretaria de Relaciones Internacionales de la FCS.

Política florentina

Share

En España no domina la política florentina sino la de Florentino, una cultura política obscena, muy del universo del estraperlo, submundo del que proceden nuestros grandes prohombres de la patria, hechos a sí mismos de los despojos del esclavismo y el genocidio de Paquita la Culona.

Hablamos de personajes dickensianos, feudales, con puro en la mano, y olor a lejía o Barón Dandy, una escenografía cuyo hedor y toxicidad hace cada día más irrespirable el entorno, incluso imposible el disfrute del opio de las masas de un deporte tan popular y maravilloso como es el fútbol.

Los recientes escándalos sobre compra de arbitrajes por el Fútbol Club Barcelona inaugura un capítulo más en la serie de terror protagonizada por el cucañista Pérez en sus sueños imperiales de la Superliga, una suerte de trasunto del absolutismo monárquico con el proscenio del régimen del 78 de por medio.

Así las cosas, da grima pensar en lo que el fútbol se ha convertido como espectáculo de masas, alimentado por los juegos de barrio en campos de tierra, en clubes de amigos y espacios de fraternidad, ahora que solo quedan restos del naufragio en manos del capital y de los mercaderes de las ilusiones vanas que, por querer, no quieren ni jugar, salvo al Monopoly.

A nadie hasta ahora se le ha ocurrido, por cierto, un juego de mesa similar con los clubes de la Liga y los cromos, tipo ficha policial, en el que además de los jugadores aparezcan los presidentes de club y otros interlocutores del presidente del Madrid, como los del monarca huido, los jeques autócratas, los oligarcas rusos (antaño muy apreciados por el camaleónico crupier de la bolsa y la construcción) y otra ralea que vive por encima de nuestras posibilidades urbi et orbi. Sería un éxito en el mercado.

Ahora que todo se compra y se vende, hasta la maternidad, no está de más poner al día los entretenimientos del personal. Es el espíritu de nuestro tiempo, más aún en un país en manos de Producciones Hijos de Puta, como el divertido sketch que hizo célebre el gran Peter Capusotto. Véanlo, para entender el camelo que nos proyectan en la Smartv.

Aquí no tenemos humoristas tan finos políticamente hablando y, los que hemos tenido, han sido perseguidos hasta la extenuación. Bien lo sabía el gran Gila. Pero bueno, no nos dispersemos. Veníamos aquí a hablar de Florentino y de la televisión que sufrimos, como El Chiringuito de Jugones (título premonitorio de los que nos venden la moto).

Y en tiempo de la polémica con el Barça, nos parece que conviene advertir a los lectores de un aviso para navegantes: las corruptelas del fútbol, empezando por su opacidad fiscal y la especulación de los derechos de imagen, es la misma que echamos en falta como norma de debida transparencia en la publicidad institucional, de la que se benefician los medios del duopolio y los chiringuitos de la Iglesia catódica, además de otros tenderetes mediáticos de la extrema derecha, herederos del atado y bien atado.

De ello poco o nada se habla en la prensa deportiva, siempre surfeando por la actualidad y la estéril polémica sin sentido, mientras pasan las cosas de verdad importantes. Por ejemplo, la pérdida de más de 2.000 millones de los clubes de Money League, según la consultora Deloitte, y la crisis estructural de la mayoría de los equipos de Segunda y Primera en nuestro país, lo que da cuenta de una tendencia que cambiará este deporte-espectáculo, esperemos que para volver a lo que fueron los clubes: asociaciones deportivas y no sociedades anónimas.

Si lo que importan son los colores del equipo de nuestros amores, sobra el verde dólar y los traficantes de sueños; están de más los usureros de la pasión y los portamaletines del Santiago Bernabéu. No necesitamos los monaguillos de tertulia y misa diaria, ni los macarras de la moral.

Sobran los García Ferreras y la santa compaña, que es la alianza de la inquisición del capital, cuando tanto precisamos de pasiones alegres, tardes de transistor y tertulias tabernarias sobre el partido del domingo, hoy diario. Nos sobra, en fin, lo que hay cuando falta lo que quiere la gente común: básicamente, que no la engañen, jugar y vivir. Y que nos dejen en paz. Justo lo contrario a lo que hoy es noticia a voz en grito en espacios como los de Pedrerol.

En la cultura del chiringuito, la conexión Villarejo con Ana Rosa Quintana es nuestra final de la democracia diaria, nuestro Partido de las Estrellas que, al contrario que la Champions, nunca lo veremos en los canales en vivo y en directo, porque siempre es en diferido.

Cosas de nuestra política de baja intensidad, muy proclive al modo barroco de la teatrocracia en el que el exhibicionismo y el espectáculo –del palco del Santiago Bernabéu a la Sexta– en el fondo no es otra cosa que el reinado del discurso cínico y la ausencia de la crítica postpolítica, esto es, la falta de la mediación, la ausencia de distancia y reflexividad y, en definitiva, la privatización del dominio público y el imperio de la violencia simbólica, incluido el linchamiento mediático contra dirigentes de Unidas Podemos o las campañas en redes de perfiles anónimos a fin de fomentar la agresividad y el amedrentamiento de quienes representan una amenaza al orden impuesto desde el confort impune de los amos de la información, con el señor Pérez a la cabeza, que asiste complaciente, desde el Olimpo, a los avatares del destino que ha prefigurado para los mortales.

Pobre aspirante tonto a Luis XVI. No sabe que la revolución nunca se ve venir desde Versalles, ni por televisión, y rara vez se logra avizorar. No sabemos dónde y cuándo tendrá lugar, pero con seguridad será en abierto, sin pago por visión, porque existe el porn riot y la pornografía de los disturbios. Y las multitudes enfurecidas ya se ha extendido, de París a Madrid, esperamos que en clave verde esperanza. Porque ya de los grises de los palcos y del estraperlo tenemos empacho hace años.

Medios del odio

Share

En la novela de Umberto Eco, Número Cero, los medios no informan sino que publican las noticias de mañana. La realidad puede superar la ficción.

Dejó escrito el gran Alberto Corazón que, en este tiempo de algarabía, ha habido silencios y también grandes voces que enrarecen los sentidos con un ruido atroz de gestos vacíos. El problema en momentos de crisis sistémica como la que vivimos es que, en lugar de la necesaria reflexión y deliberación pública, cuando no el silencio, se impone el ruido y furor mediático. Particularmente en España proliferan y mantienen la hegemonía informativa los personajes que, con buen tino, Rafael Correa llamaba odiadores, o sufridores profesionales, tipos deleznables cultivadores de la mezquindad que, por oficio, no hacen otra cosa que contribuir a obstaculizar el buen gobierno o, en general, las políticas del buen vivir. Se equivoca el lector si pensara, con una interpretación al uso divulgada entre otros por hispanistas y viajeros descubridores de lo exótico que retrataron escenas pintorescas de nuestra realidad, que estas actitudes altisonantes y de violencia simbólica son propias de la idiosincrasia nacional. Nada más alejado de la realidad. El fascismo patrio, como antaño en Alemania, se cultiva en los medios más que por odio al proletariado y sus representantes, o en virtud de razones ideológicas, por la cartera. Desde siempre, los medios mercantilistas para odiar son del orden de lo que Vázquez Montalbán tildaba como eurocarteristas, sujetos aficionados, en fin, a la cultura del estraperlo que necesitan del ruido como fórmula y de la algarabía como coartada para alimentar la ceremonia de la confusión y proceder, como en el mundo del hampa, a la operación, birlibirloque, de sustracción y dejarnos paralizados y enmudecidos. Pues, en realidad, estos capillitas de misa y sacristía que gustan de la bulla son, pese a las apariencias, de la hermandad del silencio. Representan la vuelta al tiempo gris, en blanco y negro, de novelas como la de Martín Santos. Y cual técnica de la gota malaya alimentan los vientos de guerra, como ATRESMEDIA, dedicando la mitad de sus espacios informativos a armamento, guerra y destrucción (no en Gaza, el Sáhara o la mitad del continente africano, que no interesa) sino sólo focalizado en Ucrania. Una constatación que demuestra que la realidad puede superar la ficción, pues como en la novela Número Cero, de Eco, los medios no informan sino que publican las noticias de mañana y proyectan, no hablan de Ucrania sino que proponen, ucronías ensayos, como el capital financiero, especulativos sobre lo necesario y posible a costa de nuestras vidas. Todo en orden. El capital siempre precisa de su marcha marcial para proseguir con la destrucción creativa. Por ello el discurso del odio es refractario a la deliberación. Antes bien precisa estar amparado por el monopolio de la palabra y la opacidad del algoritmo, de un espacio público privatizado que muta en un espacio manipulado con la consiguiente mediación sesgada del escándalo y la provocación. En este ecosistema informativamente tóxico la retórica hoy es el arte del arrojadizo improperio y la ocurrencia banal sin fondo ni trascendencia, con falta absoluta de creatividad y crítica, ajeno a lo real concreto, opaco al escrutinio público en la ceremonia de la confusión que hoy reviste la comunicación política de lo mismo por obra de sus gacetilleros de tertulia de bar y barrena.

En definitiva, los medios de distorsión masiva no nombran lo que deben y los que nombramos lo necesario y lo real o somos silenciados en el margen del espectro comunicacional o directamente perseguidos (lawfare). Pues hemos llegado al punto en el que el comando electrónico y el arte y técnica de escenificación de la fe sin escrutinio, solo la pura inventiva, solo se sostiene, como ilustrara Chomsky, con correctivos a los disidentes. También en las redes, donde el fenómeno se amplifica exponencialmente. El ocultismo del algoritmo encubre maniobras orquestales en la oscuridad que amenazan a diario la democracia. Más allá de Cambridge Analytica, los GAFAM, empresas como META o Google son colaboradores necesarios de los golpes en Brasil o actualmente en Perú. Y cuando poderes públicos como la Comisión Europea tratan de regular para evitar abusos contra las libertades públicas los lobbys como DOT Europe movilizan a los influencers y opinadores de la nada para advertir que restringir las campañas de publicidad política es ir contra la libertad de expresión. Nada nuevo bajo el sol. Todo intento de política democrática en información y comunicación siempre ha tenido en contra los gremios profesionales y otras ONGs subvencionadas por los profesionales de la ucronía como Georges Soros, y seguimos en ese marco, bloqueados por movilizaciones propiciadas por la misma agencia que ha de ser regulada por transparencia y garantías democráticas negando realidades ya contrastadas como el estudio publicado en Science (2018) que demostraba que las informaciones falsas en redes se difunden más rápido y llegan a más gente que los verdaderos, dispuestos y acostumbrados como estamos a ser seducidos por el fetichismo de la imagen y la mercancía. Tras el Brexit convendría tomar buena nota de lo que la nueva tecnopolítica representa como dominio de la tecnocracia por vía de la guerra psicológica como guerra de clases por todos los medios posibles, una forma de dominación que abunda en el espectáculo y la sentimentalidad de esclavos con la ayuda de un ejército de distorsionadores necesarios de la expropiación. Así que, visto lo visto, y oído lo oído, toca hacer propósito de enmienda. Frente a la velocidad de escape de unos medios descontrolados, toca mediar, jugar con las distancias, enlentecer derivas, aplicar la virtud republicana de la pa/ciencia, desplegar la crítica y construir futuros deseables interviniendo con inteligencia una realidad minada y cercada contra la multitud. Ser en suma más sabios y acumular resistencias. Sumar, cultivar el temple y la inteligencia colectiva conectando espacios, voces que tejen banderas con el principio esperanza, desde la fraternidad. Pues, como sabemos, sólo el amor puede vencer al odio. La historia así lo demuestra.

Generación Silver

Share

Todo cambio epocal implica una transformación de las formas de vida y la experiencia, cambios en la subjetividad y en la vivencia de eso que Raymond Williams denominaba «estructura del sentimiento». La de nuestro tiempo, la del amor líquido, afecta en especial a la generación Silver, la llamada baby boom o, para algunos, la Generación Meetic

El nombre, como es lógico, es lo de menos. No somos del gremio académico nominalista. Líbreme yo, además, de defender toda marca o compañía de las big tech en la era del capitalismo de plataformas. Ponga, en fin, el lector el nombre que tenga a bien convenir.

Lo que importa, a todos los efectos, para el caso que nos ocupa, en este tiempo de zozobra o de sexo fluido, es cómo hacer posible lo social, de qué forma se sostienen los vínculos, si es que este deseo es razonablemente viable en las turbulencias impuestas por el turbocapitalismo de la era digital.

Dice la letra de una samba que «la vida es el arte del encuentro» y he aquí que el personal anda en los últimos tiempos disperso y disgregado, con el deseo sin brújula, orientación ni sentido. En su último libro traducido al español, el filósofo italiano Diego Fusaro plantea en El nuevo orden erótico las disfunciones sentimentales de un capitalismo depredador que amenaza toda convivencia.

La propia idea de fratria, de solidaridad y cooperación, por exigencias de una circulación acelerada de mercancías, símbolos y sujetos intercambiables se torna cuasi imposible. Pues la lógica de valorización por desposesión nos despoja de nuestro propio entorno familiar, de la propia idea de intimidad, necesitado por su naturaleza de amores fugaces, sujetos libertinos, nómadas, migrantes, acelerados, sin habitus, deshabituados, sin raíces, encadenados al movimiento perpetuo, como una cinta porno interminable, siempre en acción.

Más allá de las simples críticas de rojipardismo que se suelen atribuir al autor desde la llamada izquierda wok, una lectura de este ensayo exige cuando menos una reflexión serena sobre el erotismo, la disputa del sentido común sobre el amor y la familia, a modo de vindicación, en tiempos de libre comercio.

Más aún cuando la Generación Z asume acríticamente, a veces de forma antagónicamente inconsciente, la imposibilidad de toda relación estable, condicionado como está por un mercado laboral que proyecta narrativas y vidas precarias, formas intermitentes de subsistencia que limitan una visión a medio y largo plazo de las trayectorias personales.

La naturaleza volátil, nómada de los amores y placeres por vivir son, en cierto modo, un trasunto de las condiciones de producción. El problema de ello es que afecta de forma determinante la reproducción misma, incluida la educación, con la imposibilidad de ecologías de vida diseñadas en común.

Cabría plantear en este sentido un contrapunto o una mirada más integral cuando se critica el amor romántico en función de una suerte de algofobia, que en el fondo no es otra cosa que el rechazo pragmático de todo compromiso, la asunción del presente infinito, inmersos como estamos en los avatares de un capitalismo a la deriva en el que no cabe la épica, mucho menos el duelo, la entrega o la pena, de acuerdo al guión prescrito de la disneylandización de las emociones, el amor de consumo rápido e indeleble, en forma de serie o capítulos de corta duración.

Ahora, esta lógica cultural, como podrá colegir el lector, no está exenta de consecuencias nefastas y dolorosas para el sujeto, empezando por la epifanía del propio duelo que se quiere eludir. Una de ellas, diríase que la principal, es la falta de equilibrio, o el desorden y crisis afectiva que se extienden en nuestro tiempo como epidemia social.

En la era de la posdemocracia, los tratamientos psicológicos se multiplican y la salud mental se convierte en un problema de estado en tiempos de silencio y soledad. Al tiempo el mercado del amor tiende, como sector económico, a cotizar al alza: sea en forma de libro de autoayuda, de redes sociales de contacto, incluidas las antiguas agencias matrimoniales, o en los modelos premodernos de las caravanas, los speed dating y cruceros de relación.

Todo vale para cubrir el agujero negro o el vacío existencial del modo de producción dominante que acompañan las relaciones efímeras que se disuelven en el aire como parte de las formas extensivas de la fábrica social característica de un capitalismo depredador que mercantiliza hasta las fantasías de lo íntimo o privado a condición, claro está, de pasar primero por caja, que es tanto como aceptar la conculcación del principio de autonomía, la vulneración de los propios derechos, y asumir, por activa, como con las cookies, la renuncia a todo compromiso con la primera persona del plural.

Así anda el personal, extraviado. Normal en un mundo en el que todo es «pos», pero sin trama ni relato creíble; una vida hipotecada en forma de discurso de la resiliencia que no es sino el envase de una marca de pornofarmacopolítica porque, en este mundo happy, no cabe la tristeza ni la melancolía, no es bien recibida la trascendencia ni la heroica entrega.

Nuestra era es un tiempo sin Antígona. Solo comedia y relaciones esporádicas. Cosas de la vida eventual que impone una forma de eugenesia, productiva y reproductiva, convertidos como estamos en una máquina eficiente siempre, dispuesta a acumular el máximo capital erótico, en tanto que objetos disponibles no para sí sino ensimismados, en función del momento del intercambio.

De modo que, paradójicamente, el placer convierte la complacencia en autoindulgencia, el deseo y la pasión en pura visión, y la experiencia del erotismo en un tipo de narcisismo 2.0 sin futuro, esperanza, ni proyección, más allá de la efímera promesa de un match, de un encuentro que, en realidad, es puro desencuentro como corresponde a una sociabilidad envanecida propia de la cultura de la vanidad banal o vulgar de pasiones tristes más que alegres.

Amor empaquetado de nulos o superficiales sentimientos, amor líquido, en palabras de Bauman, que en la era de Meetic o Tinder reemplaza el azar por el cálculo del algoritmo y el materialismo del encuentro por la programación calculada de los indicadores de compatibilidad: una suerte, según Badiou, de domesticación del amor.

Así que a fuerza de vida artificial y artificiosa nos hemos transformado en mascotas virtuales, una figura patizamba que nos retrotrae a la gloriosa década neoliberal sin tanto brillo ni oropel, sin voluntad ni espíritu, solo simples tamagotchis o complementos de ocasión, a la espera de un uso fugaz y reactivo de nuestros cuerpos y nuestro deseo en función del circuito de retroalimentación y la infinita cadena de intercambios.

Bienvenidos, en fin, al desierto de lo real, al imperio del individualismo posesivo en el que el amor libre es pura figuración imaginaria, un encadenamiento sin sabor a ti ni pasión, reducido a la burda forma mercantil del eterno retorno y el libre flujo.

Nada que ver con la libertad sexual pues, en la raíz de estas lógicas o manifestaciones del eros, no se encuentra el deseo sino la renuncia a toda entrega libidinal radical, el miedo en el fondo al amor y el compromiso que es otra cosa bien distinta a la forma burguesa de la racionalidad instrumental, hoy prácticamente universalizada por exigencias de la producción.

La cuestión es si es posible amar sin pasión o vivir sin voluntad de vincularnos con alguien más allá del presente perpetuo de la pura contingencia. Los rockeros románticos de la Generación Silver pensamos que no. Somos conscientes de que no hay futuro posible sin fraternidad ni cooperación, pero los relatos dominantes cuentan una historia que, básicamente, afirman lo contrario y anulan toda narrativa en común.

Lo hacen, hasta la saciedad y el hartazgo, desde una visión no libertaria sino básicamente liberal y reaccionaria, por feminista que parezca tal vindicación, pues como toda democracia la libertad es correlacional, implica una cuestión de límites y acuerdos, de autodeterminación colectiva, no de ficcionalización a lo Robinson Crusoe. Es hora, pues, de pensar y definir cómo podemos construir otra forma de relacionarnos, sin enredos ni plataformas. La vida nos va en ello. Créanme